AS 45 AÇÕES MAPEADAS ATÉ O MOMENTO, SEGUEM ABAIXO LISTADAS PARA FACILITAR
A SUA VISUALIZAÇÃO ATRAVÉS DE SEUS MARCADORES COLORIDOS .
Clique sobre os títulos para ser direcionado a ação:
# X-TIMES PEOPLE CHAIR (ANGIE HIESL)
# ORAÇÃO PARA LUISA (RODRIGO ABREU)
# AUTORRETRATO COM A MINHA AVÓ (VICTOR DE LA ROCQUE)
# AUTORRETRATO COM O MEU AVÔ (VICTOR DE LA ROCQUE)
# EU ACHAVA QUE ERA AMOR, MAS ERA OUTRA COISA BARATA (VICTOR DE LA ROCQUE)
# CAIXA DE MEMÓRIAS (CASA DAS FASES)
# TESTAMENTO (CECÍLIA STELINI)
# oficina performativa com idosos e realização da ação TECENDO HISTÓRIAS (SESC JUNDIAÍ)
# SPA! - Somáticas e performativas ações / #edição 1: +60 anos (PERFORMERS SEM FRONTEIRAS)
# OFICINA DE GRAFITTI E ARTE URBANA PARA PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS - LATA 65 - LARA SEIXO
# FOTONOVELAS (UNATI - UNESP São José dos Campos - SP)
# RITUAL-EXPOSIÇÃO: ASCENDÊNCIA-IMANÊNCIA-TRANSCENDÊNCIA (MARCELO ASTH)
# LÓTUS: PERFORMANCE PARA FLORESCER (MARCELO ASTH)
# POSSÍVEIS JANELAS PARA VER O TEMPO CORRER (GRUPO OPOVOEMPÉ)
# UMA CIDADE PARA TODOS (GRUPO OPOVOEMPÉ)
# "ERA UMA CASA NADA ENGRAÇADA, TINHA TAPETE, TINHA ESCADA" (ZEBRA 5)
# VISIBILIDADE: ABRA-ME (COLETIVO O CLUBE)
# ARTE DE ENVELHECER (LUCIANO DE ALMEIDA)
# 60 MARATONAS AOS 60 ANOS (RODOLFO LUCENA)
# O QUE LEMBRA SUA AVÓ? (CARRANCA COLETIVO)
# BIRA E BEDÉ (PIGMALIÃO ESCULTURA QUE MEXE)
# SEU GERALDO VOZ E VIOLÃO (PIGMALIÃO ESCULTURA QUE MEXE)
# NAÏFS (DAIANE BAUMGARTNER E JOÃO SOBRAL)
# GERAÇÃO DE IMAGENS (DAVY ALEXANDRISKY)
# PASSEI O SÁBADO COM O MEU AVÔ (MARCELO TOLENTINO)
# IGNOTO, ALTAS HORAS / IGNOTO, MADRUGADA (BERENICE XAVIER)
# AÇÕES DE ALUNOS DE PERFORMANCE DA UNIRIO - PARA/COM/POR IDOSOS
MAPEAMENTO DE AÇÕES PERFORMÁTICAS
realizadas para/com/por pessoas com mais de 60 anos e/ou com a temática do envelhecimento no Brasil
O PROJETO PERFORMANCIÃ realizou uma série de performances inédita no Brasil, mas uma de suas frentes de trabalho está em buscar informações sobre outras ações performáticas que foram realizadas em diversas partes de nosso país, trazendo como foco o encontro de idosos com a linguagem da performance ou tendo como tema para a performance o envelhecimento humano.
O intuito é reunir ações, movimentações e projetos, mapeando e compartilhando publicamente essa cartografia (em processo) sobre o envelhecimento na performance brasileira. Reconhecemos que nem todas as ações neste sentido realizadas no Brasil poderão fazer parte desse mapeamento, visto que as informações/divulgações e registros de tais ações nem sempre são feitos e/ou encontrados em uma pesquisa - às vezes a busca se dificulta pois os próprios proponentes não descrevem tais ações como performáticas. Um fator que dificulta pesquisas neste sentido na internet, por exemplo, está no fato da própria palavra performance trazer um significado de desempenho: busca-se por "performance + idosos" e se encontra resultados sobre desempenho físico desta parcela social.
Fora isso, reconhecemos diversas performances da cultura popular e de nossa tradição - como por exemplo, o jongo, a folia de reis, o tambor do divino, as alas das baianas e das velhas guardas no carnaval, entre outras – que são atividades artísticas de inserção e reconhecimento do papel do idoso. Porém, neste mapeamento, nos restringiremos a catalogar ações de performance artística.
O PROJETO PERFORMANCIÃ está aberto à sugestões de inclusões de ações para esta pesquisa.
X-TIMES PEOPLE CHAIR (ANGIE HIESL)
http://www.angiehiesl.de/eng/index.php?page=cat&catid=19
Dentro dessa proposta, comento a ação performática X-times people chair [1] idealizada pela artista germânica Angie Hiesl [2], no ano de 1995. Até o ano de 2008, a performance foi apresentada em diversos festivais pelo mundo (com média de uma apresentação por ano), incluindo o Brasil, com apresentações em Salvador, Rio de Janeiro, São José do Rio Preto, Londrina e Porto Alegre.
A instalação performática consiste em colocar idosos sentados em cadeiras brancas fixadas em fachadas de edifícios, em uma altura entre três e sete metros acima do chão, em espaços públicos de grande circulação.
Para as performances, existe um elenco fixo de senhores e senhoras de Colônia e Amsterdã e, para as ações em lugares distantes por onde a ação passa, Hiesl recruta participantes locais – como foi feito no Brasil. Pessoas com mais de 60 anos desenvolvem, sentadas, ações e gestos cotidianos de hábitos ligados ao lazer e ao trabalho ou à memória importante de um passado: ler jornais, lustrar sapatos, escrever textos em pedaços de papel e soltar ao vento, verificar o mapa da cidade, dobrar roupas, esperar algo ou alguém vestida de noiva, costurar um vestido, fazer tricô, dar água para plantas, entre outras. Todas as ações propostas induzem ao que a artista descreve como um “rearranjo da realidade” [3].
As ações flutuam no espaço urbano como as memórias de seus atuantes: é no corpo que está inscrita a história pessoal de cada indivíduo envolvido com a proposta e é ele o veículo de expressão no mundo. Através de suas ações destacadas, podem ser notados hábitos rotineiros dos performers e fragmentos de suas memórias – forçando também o espectador a refletir e estabelecer leituras para o que é exibido, recriando (ou cocriando?) histórias, códigos e sentidos. Cada escolha na performance – desde o figurino, o afazer do performer, de cada senhor ou senhora selecionados – revela a potência de vidas como as nossas, pessoas projetadas em fachadas da arquitetura da cidade (também cúmplices de transformações históricas e sociais do espaço). Os deslocamentos físicos e habituais se refletem, desse modo, nos deslocamentos pessoais e nas relações de convívio e percepção do tempo e do espaço.
A artista, ao dispor pessoas com mais de 60 anos em ações comuns numa altura considerável, chama a atenção dos passantes para a velhice. Ao mesmo tempo que ela aproxima o transeunte do performer, ela os distancia. O idoso, invisível em muitos aspectos na sociedade, torna-se visível diante de sua ação de estranhamento. A altura, nesse caso, pode levar-nos a algumas leituras. Hiesl parece querer não apenas evidenciar esse segmento social, mas também colocá-los num lugar acima do nosso, em reconhecimento às suas histórias e memórias pessoais e em respeito às suas trajetórias e esforços.
O deslocamento das ações dos performers para espaços inusitados gera curiosidade nos espectadores da intervenção urbana performática, que buscam respostas para o que se passa naquele momento. Perguntas são direcionadas aos idosos que, sentados nas cadeiras afixadas, continuam seus afazeres e gestos, numa atividade de suspensão do tempo e do espaço, sem respostas aos apelos dos passantes: “será um protesto?”, “como ela tem coragem?” [4]
Tal acontecimento propõe um diálogo polifônico no espaço urbano. O senhor Peter Lehmann, que em sua performance lia um jornal de esportes e limpava um par de chuteiras a 20 pés do chão, no centro de Montreal (Canadá), foi surpreendido pela chegada de dois caminhões do Corpo de Bombeiros da cidade [5]. Conforme relato dos bombeiros, eles responderam a um chamado de um cidadão que dizia estar vendo um senhor, certamente com problemas, realizando ações estranhas sentado numa cadeira presa no lado externo de um prédio [6]. Talvez a situação de “denúncia” à liberdade de expressão do performer tenha emergido e se evidenciado através do comum estereótipo social do “velho-gagá”.
[1] “X-tempo gente cadeira” [Tradução livre].
[2] Ver em: <http://goo.gl/asrGaH>.
[3] Ver em: <http://goo.gl/2Kod57>.
[4] Ver em: <http://goo.gl/9Sn6Fh>. Site do Jornal O Estado de S. Paulo.
[5] Ver em: <http://goo.gl/3WmCsx>.
[6] Ver em: <http://goo.gl/tE213X>.
ORAÇÃO PARA LUISA (RODRIGO ABREU)
Oração para Luisa aconteceu em Maio de 2014, no dia das Mães.
"Minha avó materna, Luísa, estava internada há alguns meses no Hospital Municipal Rocha Maia, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Esta ação/oração/meditação, além de uma homenagem às mães e a essa santa de quem minha avó era devota, foi um chamamento por conforto afetivo-espiritual, e pelo fim de seu sofrimento físico."
A performance durou o tempo do horário de visitas do hospital, 3 horas. Luísa descansou em Agosto de 2014, depois de 8 meses de internação.
fotografia de Antonio Gilberto
AUTORRETRATO COM A MINHA AVÓ (VICTOR DE LA ROCQUE)
AUTORRETRATO COM O MEU AVÔ (VICTOR DE LA ROCQUE)
www.cargocollective.com/victordelarocque
www.obeijo.com.br/noticias/artista-e-processado-por-autorretrato-com-a-avo-12770355
"O artista Victor de La Rocque encara a câmera. Em seu colo, está a avó, a paraense Maria Dora de La Rocque, de 83 anos, diagnosticada com Alzheimer há três anos. Os dois estão nus. O corpo rijo do artista contrasta com a pele frágil da matriarca e explicita o quão delicado é o tratamento da doença que causa deterioração de funções cerebrais. O autorretrato de Victor com a avó, produzido em 2014, era para ser um trabalho de arte, onde gratidão e desabafo se mesclam, porém se transformou no pivô de uma briga familiar, levada posteriormente à Justiça. Um dos tios do artista, Rubens Guilherme de La Rocque, acionou o Ministério Público por achar que a nudez no registro é ofensiva. O artista se defende. “As pessoas falam tanto da nudez e a última coisa que vejo é isso. Para mim, tem mais a ver com o amor e o desnudamento que a doença promove no paciente e em quem o cerca. O Alzheimer é difícil. Minha avó era ativa e agora depende de ajuda para comer, para se vestir”.
por Victor de La Rocque:
“O irmão da minha mãe recentemente entrou com um pedido de processo no ministério público contra um trabalho que venho desenvolvendo desde 2014 chamado AUTORRETRATO COM A MINHA AVÓ, uma das alegações para o processo é de que estou produzindo material “pornográfico” com incapaz/idoso. Maria Dora, foi a mulher que me criou desde pequeno, hoje ela sofre de Alzheimer, doença esta que tem se mostrado um verdadeiro desafio de provações e resgates de afeto para minha família, que possuí essa doença proliferada em toda uma geração. Curioso perceber as relações de poder, família e a onda avassaladora do conservadorismo no Brasil, e como a esfera do privado e nuclear revela por demais esse macro-cosmo público e infame do movimento reacionário e anacrônico que estamos vivendo. Foi também curioso perceber que a família, e neste coloco como irmãos/sobrinhos de minha avó e o seu filho, pessoas estas que nem sequer tiram parte do seu tempo para prestar ajuda aos meus avós, movimentaram-se de maneira tão empenhada para tirar de circulação a imagem da qual carrego a minha avó no colo devido a nudez, SIM, uma simples nudez que não expõe sequer os órgãos genitais. Quisera eu que todo este empenho conservador de união da família para a retirada da uma imagem de nudez, fosse revertido em cuidado e afeto real aos meus avós, que servisse de alerta para o amor, e não para o ódio. E que a nudez nada mais é que a nudez, simples assim, sem firulas, sem polêmicas, livre e desmascarado. Estes dias dei continuidade ao trabalho realizando a segunda etapa do projeto com AUTORRETRATO COM O MEU AVÔ aqui em Porto Alegre. Seu Rubens com seus 85 anos de plena lucidez desnudou-se como num ato de resistência a este possível processo da censura, além claro do afeto envolvido“.
AUTORRETRATO COM A MINHA AVÓ (2014) - fotoperformance de Victor de La Rocque
AUTORRETRATO COM O MEU AVÔ - créditos: fotoperformance de Victor de La Rocque
CAIXA DE MEMÓRIAS (CASA DAS FASES)
www.casadasfases.wordpress.com/tag/little-boxes/
A Casa das Fases é um Ponto de Cultura da cidade de Londrina, no Paraná, e trabalha diretamente com teatro, performance e outras atividades para a terceira idade, contando com a coordenação do diretor da Casa João Henrique Bernardi e do produtor Fabricio Borges. Suas atividades como grupo de teatro para idosos surgiram de um grupo do SESC Londrina e depois a Casa das Fases se tornou independente. Um dos projetos que foram desenvolvidos por eles com os idosos se chama Caixa de Memórias (que depois de se tornar internacional, transformou-se também em Little Boxes - disponível em: http://littleboxes.org.uk/ ) e nasceu em 2002 a partir de uma pesquisa do grupo com memórias e objetos pessoais (com seus valores de afeto).
A partir das histórias partilhadas em processo, o grupo compõe seus figurinos e fabrica as caixas que se transformam em palco de suas memórias e cenário de objetos significantes para a ação, servindo de adereço para os idosos performers entrarem em relação com os espectadores. Suas vidas também são caixas repletas de momentos e experiências. O produtor Fabricio Borges comenta:
O projeto já foi realizado em Londrina, em diversas cidades do Paraná, São Paulo, Brasília, Porsgrunn (Noruega), Londres (Reino Unido) e Lund (Suécia). Oferecemos um training de como trabalhar a metodologia. Inclusive, no exterior os projetos mantem continuidade, como é o caso de Londres. Até o final do ano, lançaremos um livro sobre a história e metodologia da Casa das Fases, dedicaremos um espaço afetuoso a este nosso projeto.
Célio Turino, criador do Programa Cultura Viva (que viabilizou a criação de mais de 2500 Pontos de Cultura no Brasil) comenta a ação: “Sair do Ponto de Cultura vestida e maquiada já é um feito. Elas se indagam sobre qual a impressão dos transeuntes. ‘Quem são estas velhas da Casa das Fases?’, se perguntam. E elas (e os poucos homens) saem às ruas.” A performance acontece numa interferência do cotidiano, com apresentações em praças, ruas e outros espaços públicos, onde os idosos procuram contar suas histórias para desconhecidos com o apoio dos elementos presentes em suas caixas. Variações da ação já ocorreram, com caixas temáticas, como as caixas de “carnaval” – também trabalhadas em relação a histórias e memórias dos participantes.
Os integrantes do Projeto Caixa de Memórias selecionam seus objetos significantes, porém, com a diferença de serem objetos pessoais e históricos, relacionados às suas vidas e trazendo cargas pessoais que potencializam a apresentação. Para as senhoras e os poucos senhores, é uma forma de realizar uma ação que trabalha diretamente com a memória e seu compartilhamento, a visibilidade do idoso e o reconhecimento de sua importância na sociedade – sendo esta a grande luta deste segmento.
Nesta performance, a arte nas caixas não é vendida também como objeto de arte, mas oferecida através de uma experiência performática relacional que conta com a sua visualidade e com a oralidade de uma contação de histórias reais – e também editadas pela própria ressignificação da memória: “A memória é uma ilha de edição” (SALOMÃO: 1998, p. 14-15).
A Caixa de Memórias (este objeto-mediador entre o performer e o ouvinte) se apresenta como um múltiplo acessível e manipulável constituído de elementos particulares e específicos que auxiliam no acesso às memórias compartilhadas. Estes objetos são divididos entre: objetos para a representação das histórias (como pequenos bonecos, por exemplo) e objetos-marco da história pessoal de cada performer, pontos de referência carregados de afeto (como fotografias e brinquedos):
Começam com música, depois suas caixas de memória, como pequenos teatros em que se apresentam para uma pessoa apenas. Pequenos momentos em que uma caixa de papelão pendurada no pescoço transforma-se em palco e museu. A cenografia e figurino são feitos em miniatura, com pequenos brinquedos, fotos, bonequinhas, papel crepom e tecido (TURINO: 2010, p. 172).
O Grupo também já viajou para a Dinamarca, onde participou do Magdalena Project, organizado por Julia Varley e realizado no Odin Teatret, fundado por Eugenio Barba. Nesta viagem ofereceram um workshop para idosos que resultou na performance Du Ma Ikke Glemme Mig (Não se esqueças de mim, em português). As senhoras do Grupo fazem parte de uma rede mundial de mulheres no teatro contemporâneo (TURINO: 2010, p. 173).
SALOMÃO, Waly. Lábia. Rio de Janeiro. Rocco, 1998.
TURINO, Célio. Ponto de Cultura: Brasil de baixo para cima. São Paulo: Anita Garibaldi, 2010.
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As fotografias aqui apresentadas foram retiradas do site contido no texto.
D.C. (YURI FIRMEZA)
www.supergiba.com/atos-de-fala/
www.atosdefala.com.br/edicao-11-atos-de-fala/
D.C. | dia 08.09 de 2011, quinta-feira, às 19h no OI FUTURO FLAMENGO - FESTIVAL ATOS DE FALA
Performance / palestra-intervenção
Sinopse: Apresentação de uma cena que se repete ao longo de filmagens pertencentes a um arquivo pessoal, com imagens da avó do artista, portadora de Alzheimer. Em seguida, leitura de texto com o auxílio de 10 participantes. O texto será lido em um telefone sem fio, em que cada voz será agregada à seguinte. Tal palimpsesto de vozes gera uma cacofonia que será operada em loop. Em determinados momentos soma-se à cacofonia a orquestração das falas, tornando-as uníssona.
A Palestra-Intervenção D.C. mostrava dois vídeos: um em que a avó do artista recita um poema que sabe desde criança e também um registro dela frente ao mar e boiando na água em câmera lenta, como em um vai e vem da memória. D.C. é uma abreviação de "DA CAPO" - [da ˈkaːpo] um termo musical da língua italiana que significa do início. É uma diretiva, em uma partitura, do compositor ou do editor para repetir a parte prévia da música. Em pequenas peças musicais é a mesma coisa que a diretiva de "repetição". Yuri via a repetição da avó com Alzheimer semelhante a alguns processos musicais que ele aprendia em partituras. O vídeo de sua avó repetindo o poema e buscando a memória, no processo de criação de D.C. foi um disparador para uma conversa que o artista teria com o corpo coletivo que participaria da ação final, palestra-intervenção, a fim de gerar uma cacofonia a partir do jogo do telefone sem fio.
O artista Yuri Firmeza também participou da exposição no Museu de Arte do Rio (MAR) intitulada Turvações Estratigráficas. O interlocutor da exposição, Julio Groppa Aquino, afirma:
"O artista toma para si despojos arqueológicos – patrimônios da União – encontrados durante a reforma do Palacete D. João VI e do Terminal Rodoviário Mariano Procópio para a instalação do MAR, bem como os destroços oriundos das remoções efetuadas no Morro da Providência, região portuária do Rio de Janeiro. Yuri torna-se, com isso, legatário de uma matéria espessa e indócil, cuja opacidade nos obriga a indagar: quais existências, ali inteiramente soterradas, continuam a pedir voz e passagem naqueles detritos em desalinho? Quais as formas de vida ainda em revulsão, cujos ecos o silenciamento forçoso do progresso urbanístico não consegue evitar? Como deixar viver aquilo que repousa, em desassossego, sob nossos pés? A conexão com a algaravia de vozes que emana de tais despojos é efetuada pelos vídeos que o artista sobrepõe ao material arqueológico, em especial aquele em que a avó, portadora do mal de Alzheimer, repete incessantemente algumas passagens de sua infância. A velha senhora e seu neto, à moda de Derrida, encontram uma razão singular de existir diante da inclemência do tempo e sua força de tudo arrastar consigo: por meio da fabulação, ambos recontam uma história da qual não participaram, mas que lhes pertence mais do que a ninguém. Yuri faz-se, assim, um herdeiro apaixonado do seu presente."
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YURI FIRMEZA, POR FELIPE RIBEIRO / CURADOR DO ATOS DE FALA 2011 – tema "documento e identidade”
“O Yuri é artista visual, professor do departamento de cinema na Universidade Federal do Ceará e ele é também neto de Dona Jucineide. Yuri vem filmando sua avó há muitos anos, acompanhando o desenvolvimento do Alzheimer, que vai causando uma certa perda de memória na avó. Dona Jucineide repete um poema feito com seu próprio nome, feito pelo seu pai, em que cada verso começa com uma letra do seu nome. E ela fica repetindo esse poema tentando entrar num fluxo que vai evidenciando a palavra decorada e vai evidenciando também o seu esquecimento. E é nesse fluxo entre palavra decorada e esquecimento que uma nova poética surge e uma nova rede de significados é construída. Yuri se utiliza disso como mote das outras duas etapas da palestra-intervenção: uma em que ele lê um trecho da crítica e curadora de arte Lisette Lagnado e uma outra em que nove voluntários se juntam à mesa com o Yuri e começam a repetir fragmentos de textos. A palestra ela se desenvolve um pouco nisso, entre uma poética do envelhecimento e essa brincadeira de criança que vai justamente evidenciando a palavra pela sua materialidade, pelos seus significantes, mais do que pelo seu significado, para que, a partir daí, a gente possa, pelo ruído da palavra, construir outros significados – sejam mais efêmeros, móveis, que sejam mais difusos.”
YURI FIRMEZA:
“A própria fala da vovó, nesses primeiros oito minutos do vídeo já desmontam uma certa insistência de permanecer, que o ato de repetir poderia arregimentar essa consolidação de um discurso pela sua repetição. Mas eu acho que no vídeo a gente vê justamente essa ideia daquilo que está sendo repetido e se desgastando, e sendo friccionado, e sendo esticado até o momento em que deixa de funcionar. “Deixa de funcionar” nesse sentido: do que já não funciona simplesmente com a interação de algo que quer se consolidar, mas muito mais como uma diluição daquilo que está sendo desgastado ou desbastado, de tanto que é infinitamente repetido”.
pédememória (FLÁVIO RABELO)
www.flaviorabelo.com/pedememoria
Memória, tempo e expressão são importantes liames que auxiliam o encontro das diferenças etárias. Se não há essa espécie de troca, as gerações se isolam e contrastam-se mais entre si. Nesse sentido, o papel da memória do idoso é fundamental no conjunto social.
O artista Flávio Rabelo propôs na performance “pédememória” uma massagem nos pés de senhoras que se sentassem em uma cadeira de balanço colocada à sua frente, em troca de elas contarem uma memória sobre suas avós. O ato de lavar os pés é de purificação, sendo feito antes da oração, na religião islâmica; na Índia, é comum beijar os pés dos mais idosos, em respeito à sua longa caminhada na vida.
Os pés são a base que nos suporta durante a vida e, nessa performance, Flávio Rabelo entra em contato íntimo com a pele do outro mais velho para ativar suas emoções e histórias antigas relacionadas às suas avós. A cadeira de balanço traz esse vai e vem entre tempos e lembranças. O outro, diante da memória, sempre é um espelho nosso, sempre teremos algo a reconhecer – mesmo as diferenças: é a partir do outro que nos construímos e nos formamos.
As fotografias foram realizadas em eventos diferentes, por Maycon Soldan, Rodrigo Munhoz e Clarisse Tarran - podem ser encontradas no site.
TESTAMENTO (CECÍLIA STELINI)
A artista visual e performer Cecília Stelini, nascida em 1951, realizou uma performance intitulada Testamento, em que discutiu a dialética entre vida e morte. Cecília tinha em seu cenário uma grande escada que ligava dois níveis: vinha descendo por ela e lendo um testamento próprio, enquanto seu corpo ia se ocultando dentro de um grande vestido branco que envolvia a escada.
Um vídeo de uma cirurgia cardíaca sofrida pela artista em 2009 era projetado sobre esse tecido e sobre seu corpo em movimento. Este mesmo vídeo projetado, mostrando sua cirurgia e seu coração pulsando, também se tornou um vídeo-arte de Cecília, com o título de Para quem mora no meu coração. Seu movimento de descida de um patamar para o outro traz uma ideia de aterramento, como símbolo de um momento em suspenso vivido entre morte e vida durante sua cirurgia – uma segunda chance para a sua vida, oportunidade de pisar na terra novamente.
A artista diz em seu site que nessa performance são discutidas as relações “entre o exterior, invólucro e o interior, que é envolvido por ele, e o apagamento dos mesmos sugerindo uma nova condição de Corpo”.
www.at-al-609.art.br/?portfolio=testamento-performance-idealizada-para-acciones-al-margen
“Para quem mora no meu coração” - videoarte de Cecília Stelini
UM SER DITO, PARA SER O NOME (GONZALO RABANAL)
UN SER DICHO. PARA SER EL NOMBRE (nome original da ação)
www.rabanalgonzalo.blogspot.com
www.hemisphericinstitute.org/hemi/en/enc13-performances/item/2002-enc13-grabanal-being
www.revistas.usp.br/salapreta/article/viewFile/81755/85354
O performer chileno Gonzalo Rabanal realiza com a participação do seu pai, um senhor octogenário, a ação que, no Brasil contou com uma apresentação no Sesc Vila Mariana - Sala Corpo e Artes em 16 de janeiro de 2013, no encontro do Hemispheric Institute.
"Trabajo que pone en relación la palabra y la escritura, como acto violento, de un hombre que no ha sabido leer ni escribir. Su relato dará cuenta de sus deseos de aprehender la letra hablada. el hijo escribe en la figura del padre y el padre hace lo mismo, pero en el cuerpo del hijo, simultáneamente: “el cuerpo, del padre y el hijo, como el estigma del no saber”
NA FAIXA (COLETIVO PI)
Intervenção Urbana "Na Faixa" do Coletivo PI, realizada no Festival Baixo Centro 2013, no cruzamento da Avenida Angélica com a Rua das Palmeiras, na praça Marechal em São Paulo.
"A intervenção acontecerá em faixas de diferentes cidades de São Paulo, contagiando as ruas com humor e poesia, explorando as relações entre pessoas de gerações distintas, desconstruindo clichês, mostrando encontros inusitados, divertidos e delicados, aguçando um olhar sensível sobre a cidade e o respeito às pessoas da terceira idade."
Uma das versões da ação contou com a participação de quatro idosos, criando ações e imagens que sensibilizam para questões pertinentes à terceira fase da vida, quebrando estereótipos e revelando encontros de gerações.
O trabalho fez parte da programação da Campanha de Conscientização da Violência Contra Pessoas Idosas organizada pelo SESC SP, que acontece nas unidades das capitais e interior, durante a semana de 13 a 19 de junho.
O marco é o dia 15, instituído pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 2006, como data internacional de combate a violência e luta pelos direitos à pessoa idosa.
SPA! - Somáticas e performativas ações / #edição 1: +60 anos (PERFORMERS SEM FRONTEIRAS)
O SPA foi realizado para dois grupos de pessoas com mais de sessenta anos, com atendimentos em dois turnos de ações somático-performativas. Um projeto da plataforma “Performers sem Fronteiras”, contando com 7 performers com ações diferentes, revezando os participantes.
As ações são realizadas como integração de performance, terapia (técnicas aplicadas), meditação e espiritualidade.
Dentro do conjunto de ações do SPA+60, aconteceu Hokahey – hoje é um dia lindo para morrer! - performance de Tania Alice:
Performance individual de preparação para a morte, com meditação guiada e trechos de O Livro Tibetano dos Mortos em áudio. A performance se realiza em um caixão. Na foto, Teresa. Esta performance já foi realizada individualmente com mais de 35 participantes.
Por onde eu pisei, de Marcelo Asth:
Lava pés e pintura de memórias com aquarela
oficina performativa com idosos e realização da ação
TECENDO HISTÓRIAS (SESC JUNDIAÍ)
www.sescsp.org.br/online/artigo/9765_TECENDO+HISTORIAS
Partindo de uma das principais características das obras de Bispo e Leonílson – o bordado e a costura, utilizados como suporte estético e expressivo em diversas obras dos dois artistas –, os educadores da exposição "Arthur Bispo do Rosário e Leonilson: os Penélope" (SESC JUNDIAÍ) propuseram a oficina intitulada “Costurando memórias, tecendo histórias”, desenhada especificamente para o público idoso presente na unidade do Sesc Jundiaí.
A atividade, assim como a exposição, partia do mito grego da Penélope de Ulisses, que, aparentemente viúva, esperava o amado voltar de seu périplo, fugindo do assédio de novos pretendentes à sua mão com uma promessa: Penélope dizia que se decidiria por um novo casamento assim que terminasse de bordar um sudário para o marido sumido. O que os pretendentes não sabiam, porém, é que ela bordava o sudário de dia e desfazia os pontos à noite, ganhando tempo para que Ulisses voltasse de sua longa viagem, o que ocorreu muitos anos depois. Em seguida, palavras ativadoras – retiradas das obras de Bispo e Leonilson – serviam de provocação para o início das histórias pessoais, verbalizadas e compartilhadas no grupo de idosos que participavam da atividade.
Aos poucos, essas histórias se transformaram em intervenção poética utilizando um rolo de tecido que se desdobrava em uma espécie de pergaminho das memórias passadas, presentes e futuras. Ao final da exposição, ao contrário de Penélope, o manto/mural não foi descosturado, mas persistiu como resíduo estético, eternizando uma experiência que poderia ter se encerrado na efemeridade.
Foto: Paulo Liebert
Atividade proposta a partir das obras dos artistas Arthur Bispo do Rosário e Leonilson como fio condutor para a experiência da fruição artística e para aproximações com a Arte Contemporânea.
performance "VIVA+60!" - parceria entre o LATA65 e o PROJETO PERFORMANCIÃ
fotografias de RUI GAIOLA
OFICINA DE GRAFITTI E ARTE URBANA PARA PESSOAS COM MAIS DE 60 ANOS - LATA 65 - LARA SEIXO
(SESC SANTANA - SÃO PAULO)
O LATA65 (Portugal) é mundialmente conhecido, realizando intervenções com pessoas com mais de sessenta anos em diversos países. Em outubro de 2015, o Lata 65 realizou uma oficina dentro de uma semana no SESC SANTANA - SÃO PAULO voltada para uma programação que tinha como foco o envelhecimento na arte contemporânea.
"As oficinas ofertadas ao público da terceira idade no evento da Semana Internacional do Idoso contaram com participantes que puderam conhecer e se aventurar por linguagens da arte contemporânea, como az arte urbana e a performance – propostas que colaboram para um empoderamento do papel, do discurso e da expressão do idoso, que descobre em si um novo potencial de relação com o seu mundo por meio de técnicas e expressões não tão comuns a pessoas com mais de 60 anos.
Durante a semana, Lara Seixo Rodrigues (Lata 65) e Nilo Zack apresentaram ao grupo a história do graffiti e da arte urbana no mundo e no Brasil, diferenças entre manifestações gráficas de intervenção urbana (como a pichação, o grafitti e a arte urbana) e diversas técnicas para o manuseio dos jets de spray, criação de estênceis, descoberta e estilização de assinaturas criadas pelos integrantes da oficina, experimentação das cores, linhas, letras/fontes, proporções e de desenhos em diferentes papéis, até chegar ao projeto final de grafitagem e intervenções variadas sobre um muro branco na unidade do Sesc.
Durante a semana, com informações teóricas e com a prática de exercícios realizados diariamente, a turma da oficina do Lata 65 foi se descobrindo mais a cada linha expressada, até o momento da intervenção final de pintura desse muro. Muitos dos participantes não tiveram contato com essa expressão e se encantaram com as possibilidades descobertas. Uma participante, mãe de um artista visual e grafiteiro de São Paulo, buscou a oficina para conhecer mais a arte de intervenção que seu filho pratica e acabou descobrindo seus próprios traços e cores – podendo compreender de forma mais profunda e prática a expressão artística de seu filho. Os dois, ao longo da oficina, já combinavam saídas para juntos praticar a arte urbana. Outro participante, um artista plástico, descobriu novas técnicas que pôde incluir e aplicar em seu trabalho artístico, ampliando sua visão para o que produz."
trecho do artigo "Lata 65 e Projeto Performanciã: arte contemporânea para a terceira idade na Semana Internacional do Idoso", de Marcelo Asth - Revista mais60 (SESC)
Como finalização da Semana Internacial do Idoso, evento do Sesc Santana / SP, o Projeto Performanciã e o LATA 65 (Portugal) - que ofereceram oficinas de arte durante a semana - realizaram conjuntamente a ação "VIVA +60!".
Algumas senhoras participantes da oficina de graffiti escreveram com spray "VIVA +60" nas costas de algumas das senhoras que fizeram a oficina de performance, juntando as duas propostas em uma performance de encerramento das atividades da semana.
FOTONOVELAS (UNATI - UNESP São José dos Campos - SP)
Essa iniciativa parte da Universidade Aberta à Terceira Idade que funciona na UNESP de São José dos Campos (com coordenação da professora Denise Nicodemo). Segundo o professor de teatro da UNATI, Carlos Rosa, foi realizado um projeto de fotonovelas com idosos que resgata memórias; favorece a troca de experiências entre os alunos, seus amigos e parentes; estimula a criatividade e eleva a autoestima. Realizado em 2015, esse projeto conta com fotografias feitas durante uma oficina em que os idosos, além de saber mais sobre a fotonovela e relembrar antigos tempos, puderam se colocar como personagens de uma história e entender os processos de feitura da série em fotonovela.
Foram realizadas algumas oficinas, tendo como resultado, as fotonovelas.
Aqui disponibilizamos o projeto / sinopse / material de divulgação da oficina.
VOLTAR PARA O TOPO - LISTA DE AÇÕES
Em pdf:
MEU PRESENTE (ALINE JONES)
Aline Jones, aluna do curso de teatro na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), realizou uma performance a partir de uma série de encontros que teve com um senhor (Aluísio, 86 anos) - à princípio desconhecido e aos poucos, amigo de Aline. Os dois em alguns encontros falaram muito da vida e o senhor foi passando informações de sua vida à estudante que, para um trabalho prático em performance, realizou uma ação que abordava os encontros entre os dois e trazia elementos autobiográficos do senhor. Para essa disciplina, os alunos deveriam realizar uma performance com um desconhecido.
Aline Jones convidou seu amigo para assistir a performance/resultado final, mas este não foi por ciúmes de sua esposa (que passou a não gostar dos encontros entre os dois). Mesmo assim, a performance foi realizada.
RITUAL-EXPOSIÇÃO: ASCENDÊNCIA-IMANÊNCIA-TRANSCENDÊNCIA
(MARCELO ASTH)
O Ritual-Exposição: Ascendência-Imanência-Transcendência foi uma ação ritualística em homenagem aos antepassados, aos ancestrais. A ação foi realizada no dia 11 de março de 2014, exatamente no aniversário de um ano de falecimento do meu avô materno.
O ritual foi iniciado em uma aula da pós-graduação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), na disciplina intitulada Arte Relacional como Revolução dos Afetos – ministrada pela professora e performer Tania Alice. Esta disciplina propõe discutir e experimentar, de forma teórico-prática, a performance como potencializadora de afetos, numa dimensão espiritual da existência. As relações entre o tempo, a finitude, o envelhecimento, o político e o espiritual. Com um condução narrativa de memórias, o performer apresentou fotografias e documentos originais de seus antepassados, até seus tataravós. Também expôs a árvore genealógica de sua família paterna, desde antes de sua chegada ao Brasil (Asth, família alemã). Ao longo da ação, Marcelo apresentou um diagrama que prova que todos nós somos parentes em algum grau. Apresentou elementos autobiográficos, como vídeos em uma máscara-iPad com os quais se relacionava deixando despertar memórias relacionadas aos seus avós já falecidos:
http://youtu.be/f032CtG1gBw – vídeo do ritual-exposição "Dulce e José com família"
http://youtu.be/L2BPC6kAPIM – vídeo do ritual-exposição "Infância em Friburgo"
LEIA SOBRE ESSA AÇÃO NO ARTIGO DA REVISTA QUESTÃO DE CRÍTICA
"O Ritual-Exposição como recurso performativo autobiográfico":
http://www.questaodecritica.com.br/author/marcelo-asth/
"Entreguei a todos os participantes um papel (informe gráfico/esquema/árvore genealógica) onde se explica aritmeticamente que todos nós somos parentes. Se a população mundial em 1400 era de 450 milhões e se pela progressão aritmética nós teríamos mais de 1 bilhão de ancestrais, todo mundo é parente de todo mundo duas vezes (ou seja, por parte de pai e de mãe). Se alguém excluísse um bonequinho da representação da árvore genealógica que explicava esse fato, sumiríamos automaticamente. Subindo nossas gerações, nos encontramos em algum ponto."
trecho do artigo de Marcelo Asth na Revista Questão de Crítica
IDOSOS, PARKOUR, DANÇA E CIDADE
(CAMPOS DE PREPOSIÇÕES)
(GRUPO INTEIRO: JERÔNIMO BITTENCOURT | DANIELLI MENDES)
Idosos, Parkour, Dança e a Cidade é uma prática inspirada em técnicas de Parkour, dança contemporânea e Qi Cong que investiga novas possibilidades na relação do idoso com o contexto urbano.
A prática investiga a potencialização da consciência e estado corporal do idoso para uma maior autonomia na sua locomoção. A ideia não é deixar o corpo do idoso mais vigoroso ou ágil, estabelecendo o corpo do jovem como referência, e sim descobrir a partir da investigação desse corpo com o tempo mais dilatado, novas possibilidades de se relacionar com o entorno. O tempo do idoso é agora e nossa pesquisa é descobrir as potências do corpo no presente.
A exploração poética do movimento enquanto estado e a sensibilização do corpo sutil são capazes de preencher a ação de sentido e de ativar ainda mais a presença do corpo do idoso na cidade.
O Grupo Inteiro realiza oficinas e práticas com idosos em diálogo com espaços urbanos e também em SESC's pelo Brasil. Para mais informações:
https://www.facebook.com/idososeparkour/
POSSÍVEIS JANELAS PARA VER O TEMPO CORRER (GRUPO OPOVOEMPÉ)
Essa atividade aconteceu em 18/06/2015 no Sesc São José dos Campos e no dia 16/06/2015 no Sesc São Carlos. Fotografias de Felipe Cohen
Livros, fotos, objetos de outro tempo e vestígios misturam-se a jogos de tabuleiro e pequenas instalações experienciais. Os participantes poderão jogar, ouvir depoimentos e imaginar-se como “velho”. Um ambiente imersivo: um convite para construir uma reflexão viva sobre seu próprio envelhecer. Direção e Concepção: Cristiane Zuan Esteves.
Segundo Manuela Afonso, do núcleo artístico do grupo e também produtora: "'Possíveis janelas para ver o tempo correr' é para um público de todas as idades, mas tem como centro de discussão o envelhecimento e as violências sutis que os idosos sofrem, como a perda de autonomia, a violência verbal, etc. Neste trabalho propomos 5 estações por onde o público passeia livremente experimentando jogos, leitura, experiência sensorial e depoimentos em audio..."
UMA CIDADE PARA TODOS (GRUPO OPOVOEMPÉ)
SESC SP - outubro de 2016 - Festival da Integração
Fotografias de Geraldo Cruz
Um jogo de tabuleiro, onde os jogadores, que são idosos, assumem personagens e discutem com seus vizinhos (outros jogadores) questões relativas a preconceitos e compaixão.
E NA SUA VEZ? (MIRAFILMES)
Essa atividade aconteceu durante a Campanha de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa: 15/06 – Sesc Pompéia – 10h / 20/06 – Sesc Pinheiros – 11h /21/06 – Sesc Santana – 10h / 22/06 – Sesc Campo Limpo – 13h
Uma van-estúdio percorre as quatro locais de São Paulo para ouvir histórias sobre violências veladas contra a pessoa idosa. O objetivo, gerar reflexões, desabafos e trocas de maneira sensível e cuidadosa. A atividade integra a programação da Campanha de conscientização da violência contra a pessoa idosa 2017, uma realização do SESC, que aconteceu de 15 a 22 de junho de 2017 em todas as unidades do SESC São Paulo. Com atividades gratuitas sobre o tema, a campanha reforça a importância do diálogo e da participação social para que todos os indivíduos se sintam respeitados e adotem posturas de comprometimento e cuidado com o outro.
http://mirafilmes.net/photos/e-na-sua-vez
"ERA UMA CASA NADA ENGRAÇADA, TINHA TAPETE, TINHA ESCADA" (ZEBRA 5)
Semana de prevenção à Queda - Sesc São Paulo, 2016
Na semana de prevenção à queda do idoso, o Zebra5 propôs para o projeto "Era uma casa nada engraçada, tinha tapete, tinha escada" uma ambientação interativa onde as pessoas - idosas ou não - caminhavam por um espaço reconhecendo os potenciais perigos presentes numa casa. A ambientação percorreu várias unidades do Sesc.
Essa cenografia performativa permite interação e relação com a representação do espaço.
https://www.zebra5.com.br/exposicoes-e-ambientacoes
VISIBILIDADE: ABRA-ME (COLETIVO O CLUBE)
Campanha de Conscientização da Violência Contra a Pessoa Idosa 2017
SESC's: São José dos Campos (15/6), Jundiaí (17/6), Sorocaba (18/6), Consolação (19/6) e Piracicaba (21/6) - Inauguração do SESC 24 DE MAIO (19 e 20/08/2017)
A obra “Visibilidade: Abra-me” é um gesto de afeto e reflexão sobre a situação da pessoa idosa em nossa sociedade. Cada baú guarda uma memória, um disparo poético sobre a velhice, dando visibilidade a essa questão tão importante. O público terá a oportunidade de abrir “caixas” que vão desvendar, de maneira reflexiva e poética, como os idosos podem ser tratados pela sociedade, mostrando o lado oposto da violência contra os idosos.
“A intervenção é um respiro para se pensar sobre a situação da pessoa idosa em nossa sociedade. Recriar Abra-Mepara Campanha foi um importante exercício de refletir sobre o envelhecer e como formas de violência ainda são praticadas, desde o abuso financeiro ou infantilizar o idoso. Nós, do Clube, acreditamos que os baús com seus conteúdos poéticos como uma flor e um saquinho de sementes e o dizer: Cultive afeto!, é um disparo poético que nos faz lembrar da importância do cuidado, do respeito, do constante exercício da alteridade“, diz Pâmella Cruz, integrante do grupo O Clube.
O público tem a oportunidade de abrir caixas que desvendam, de maneira reflexiva e poética, como os idosos podem ser tratados pela sociedade, mostrando o lado oposto da violência contra os idosos. Com o Coletivo O Clube. Itinerante.
para ver o vídeo da ação:
https://videopress.com/v/pnxnJuYO
para ver mais fotos e saber mais da ação de O CLUBE:
https://oclube.art.br/2017/06/22/abra-me-visibilidade/
https://www.sescsp.org.br/programacao/125314_INTERVENCOES+URBANAS+VISIBILIDADE
ARTE DE ENVELHECER
(LUCIANO DE ALMEIDA)
Inauguração do SESC 24 DE MAIO, dias 19 e 20 de agosto de 2017
Inauguração do SESC Birigui (SP), dias 25 e 26 de novembro de 2017
O envelhecimento facial do ser humano é o tema dessa performance, que consiste em construir na argila uma figura humana jovem e, em seguida, promover o envelhecimento da figura.
Luciano Santos de Almeida é escultor autodidata, com formação em Artes Plásticas, especializado em retratar pessoas na argila. Mora na cidade de Cunha- SP, referência nacional na Arte Cerâmica.
LÓTUS: PERFORMANCE PARA FLORESCER
(MARCELO ASTH)
performance domiciliar - junho de 2015
LÓTUS é uma performance para refletir sobre mudanças necessárias na vida e depositar em cada semente de lótus o nosso novo amanhã. Pensar sobre sua vida como prática de si para enfrentar-se em meditação, dominando a mente em seus padrões e buscando soluções para nos impulsionar para além do que somos: transformação. A ação contou com 11 encontros e uma fotoperformance de registro.
Nesta performance, confeccionamos cerca de 50 flores de lótus a partir de uma técnica de origami. Essas flores de papel foram utilizadas na performance "Nossas Senhoras nas Alturas/O Senhor tá lá no Céu!", do Projeto Performanciã.
A feitura das flores de lótus de origami se deu por meio de encontros realizados em minha casa. Nesses encontros, ofereci a cada um dos doze participantes um café completo em um ambiente tranquilo, com música para meditação e um cenário confortante que colaborasse para que todos pudessem falar de si e desabrochar suas flores de lótus.
A cada encontro, ensinava ao participante-criador a fazer um lótus de papel e após debatemos questões sobre a vida, terminávamos a ação com 4 lótus (duas feitas por cada um de nós).
Para a primeira flor, a seguinte pergunta: "O que você gostaria de transformar em sua vida?"; para a segunda flor, a pergunta: "Como você quer ser quando idoso e como se imagina nessa fase da vida?".
Cada etapa explicada para a feitura do origami se associava às transformações pessoais desejadas:
1 - preparar as várias camadas que temos
2 - encontrar um centro e harmonizar as camadas amarrando-as com um nó firme com um fio / juntar as camadas
3 - abrir as pétalas e florescer para a mudança de formatação
________________
No Oriente, a flor de lótus significa pureza espiritual. O lótus (padma), também conhecido como lótus-egípcio, lótus-sagrado ou lótus-da-índia, é uma planta aquática que floresce sobre a água. Além disso, representa a beleza e o distanciamento pois cresce sem se sujar nas águas lodosas e lamacentas que a envolvem (a raiz está na lama, o caule na água e a flor no sol) que na crença hindu, simboliza a beleza interior: "viver no mundo, sem se ligar com aquilo que o rodeia". Para nascer, ela enfrenta densas camadas de lama até florescer resplandescente como uma das mais belas flores da natureza.
Participantes: Vera Santos, Dandara Fulô, Tamara Sbragio Ganem, Diego Baffi, Vanessa Onofre, Ines Petereit, Tania Alice, Marcelo Scofano, Raquel Botafogo Selig, Rafael Rodrigues e Renata Teixeira.
fotografias de Victor de La Rocque - disponíveis em:
http://www.victordelarocque.com/I-thought-it-was-love-but-it-was-another-cheap-stuff
EU ACHAVA QUE ERA AMOR, MAS ERA OUTRA COISA BARATA
(VICTOR DE LA ROCQUE)
Victor de La Rocque realizou em 2013, duas fotoperformances que ganham o título de "Eu achava que era amor, mas era outra coisa barata", realizadas com colaboração dos avós do artista, Maria Dora e Rubens Branco. La Rocque cria uma narrativa ficcional em um jogo performativo de imagens, como se um casal, depois de longos anos juntos, sofresse uma ruptura ou um momento decisivo por alguma questão sugerida no título da obra. A fotoperformance, como linguagem e ferramenta artística, abre possibilidades de leitura a partir do receptor da obra. Na fotografia performada tudo está dado mas nada está completo. A partir da imagem apresentada, podemos elaborar várias questões, montando histórias e buscando compreensões para o que se diz: O que alimenta essa cena? Por qual motivo uma arma está apontada para esse senhor? Seria um casal, ao que tudo indica? São amantes em uma relação extraconjugal? Porque é coisa barata e não amor? De quem é a arma? O que desencadeou a ação? Porque o artista escolheu os avós para narrar essa história? Surge a ideia pelo artista ou todos os envolvidos participam do processo criativo? Muitas outras perguntas poderiam ser levantadas... é como se assistíssemos tudo por um buraco de fechadura.
Nas fotos, Maria Dora e Rubens Branco aparecem em um cenário inofensivo, com parede amarelo-palha ornada de imagens angelicais que assistem a cena acima de tudo, analisando passivamente a situação. O anjo com o violino parece dar o tom da cena, elevando a dramaticidade. A música parece até que é ouvida por nós, que somos convidados a participar da cena dada.
Os idosos das imagens têm cabelos brancos e vestem roupas típicas de senhores e senhoras: ele com roupa social e ela com uma blusa estampada de flores. Os elementos visuais da cena contrastam e entram em atrito. Tanto pela tranquilidade aparente de alguns desses elementos de composição da atmosfera narrativa - que, pelo o que tudo indica, deveria ser passada pelo estereótipo de "casal de velhinhos" -, quanto pela violência e tensão presentes na cena. Porém, a ação se desenvolve sem desespero visível na expressão e nos gestos dos personagens. O dedo no gatilho indica friamente que a ação pode ou está prestes a acontecer, reforçada pela posição do homem que está ajoelhado e submisso, como em um jogo de poder. O jogo estabelecido entre os suportes, as duas fotografias, nos lembra a montagem cinematográfica ou também a fotonovela, como se uma imagem preparasse para a seguinte, na sequência, aumentando o suspense narrativo.
As duas fotoperformances quebram com o estereótipo de mulher submissa em uma relação de muitos anos, dentro de uma cultura social do patriarcado e do machismo. É uma virada no jogo. É a mulher que, depois de anos, toma a atitude de se colocar diante de uma situação, como um ultimato para a sua liberdade. Também há essa quebra por serem idosos em cenário com figuras religiosas, típico de casas de famílias antigas brasileiras, realizando uma ação não esperada.
60 MARATONAS AOS 60 ANOS
(RODOLFO LUCENA)
Em 2017, ano em que completou 60 anos, o jornalista, mestre em Teorias da Inteligência e Design Digital e maratonista Rodolfo Lucena idealizou um projeto “jornalístico-esportivo-cultural” como um desafio a si mesmo e um estímulo a outras pessoas que entraram na terceira idade: percorrer uma distância de 2.532km (60 vezes a distância de 42 km), o equivalente a distância de 60 maratonas. Lucena completou antes do término do ano 2632 km - 100km a mais que 60 maratonas.
Embora com uma tônica esportiva e física, o projeto de Rodolfo configura-se também como uma performance artística duracional com metas e desdobramentos. Como diversos performers que pelo mundo afora desenvolvem projetos duracionais de superação, de resistência e de autoconhecimento – muitos com intuito de levar uma mensagem adiante –, também podemos entender o seu projeto como sócioartístico. Durante o ano e os quilômetros percorridos, Lucena também alimentou um blog criado para o projeto com textos e reflexões que abordam questões de qualidade de vida, saúde, inserção social dos mais velhos e divulgação de treinos especiais - http://lucenacorredor.blogspot.com.
Lucena diz que não tinha a meta de atingir recordes, até porque, como afirmou, a distância a ser cumprida em seu projeto, para muitos, é “café pequeno”. Porém, para ele, que foi sedentário até por volta de seus 40 anos, percorrer essa distância é cumprir um desafio inédito em sua vida, que o faria sair de casa e não ficar no sofá deitado e assistindo televisão, além de mostrar que podemos realizar feitos surpreendentes, mesmo estando velhos. Rodolfo comenta: “Comecei a correr tarde, já cruzando o cabo da Boa Esperança, com mais de quarenta anos. É quando, de modo geral, começa o declínio da vida.” A corrida e a atividade física após os 60 anos colaboram muito com a saúde e com a longevidade, trazendo mais estabilidade para o corpo através do trabalho muscular, evitando quedas, doenças cardíacas e outros tipos de doenças.
Ao planejar seu projeto, Rodolfo sofreu uma lesão em seu joelho no final de 2016 – situação que fez com que ele refizesse seus planos para aquele momento, incluindo no projeto 600 km até o seu aniversário de 60 anos, no dia 14 de fevereiro de 2017 – com caminhadas acompanhadas por seu médico, que autorizou, gradativamente, que Lucena aumentasse a carga de seus exercícios, à medida que melhorava.
Lucena comenta o que seriam suas ações durante este ano: “Pretendo trazer dicas de treinamento e nutrição, recomendações de médicos, psicólogos e especialistas em corrida. Vou ouvir economistas, artistas e cientistas sociais, além de visitar centros de trabalho com idosos. Nos meus treinos diários, terei convidados especiais, corredores e caminhantes, para conversar sobre nossas conquistas e nossos perrengues”.
“Não sei se chegarei a fazer uma maratona ao longo desse projeto, isso vai será determinado pela minha condição física — estou em recuperação de uma fratura por estresse na ponta do fêmur esquerdo, tenho duas hérnias na lombar e já passei por montes de ‘ites’, com destaque dolorido para tendinites várias e dois terríveis episódios de fasciite plantar.O certo é que vou procurar manter a regularidade e a média diária de quilometragem para atingir a marca desejada, que será inédita para mim. Nos últimos tempos, tenho feito em torno de 1.800 km por ano. Mesmo quando mais jovem, entre os 40 e os 50 anos, meu volume anual de corrida ficava na faixa de 2.400 km, inferior ao meu objetivo no projeto 60 MARATONAS AOS 60 ANOS”.
De fato, Rodolfo Lucena conseguiu realizar os dois feitos, cumprindo a meta dos 600 km até a data de seu aniversário e a meta da distância das 60 maratonas no ano em que fez 60 anos. Para o seu aniversário, aproveitou o domingo, em que a Avenida Paulista se encontra fechada: “A festa-corrida estava marcada para as dez horas da manhã, que é o horário em que a Paulista fecha para os veículos e se entrega aos pés do povo. Concentração desde as 9h30, por aí, em frente ao prédio da Gazeta, no número 900 da avenida, local de chegada da mais tradicional corrida de rua do país, a São Silvestre.”
Rodolfo Lucena completa: “A marca de seiscentos quilômetros foi atingida em um período de 91 dias, incluindo nove folgas, o que deixa 82 dias de efetiva caminhada ou corrida. Não se trata de nenhum recorde mundial, mas, para mim, é um feito inédito, marca interplanetária, quiçá intergalática.”
Antes de cumprir a meta da distância do projeto 60M60A, Rodolfo determinou: "Quero terminar o percurso na São Silvestre de 2017, e até lá, pretendo formar um grupo de corredores sessentões para me acompanhar".
informações retiradas dos seguintes links:
http://lucenacorredor.blogspot.com.br/p/60maratonas-aos-60-anos-oque-e-projeto.html
https://www.ativo.com/experts/600-km-aos-60-anos/
https://www.ativo.com/experts/corrida-na-terceira-idade-60-maratonas/
https://www.ativo.com/experts/600-km-aos-60-anos/
fotografias acima por Rivaldo Gomes - FOLHAPRESS
abaixo, registros do blog de Rodolfo Lucena
POR VIR (COLETIVO O CLUBE)
Realizado no SESC BIRIGUI - SP - Dias 25 e 26 de novembro de 2017
POR VIR... é uma performance itinerante que trata das questões do envelhecer, das memórias e vivências de cada pessoa durante a vida. O objetivo da ação poética é trabalhar com a ideia do envelhecer como camadas sobrepostas de vivências, memórias e experiências. Camadas que são sempre permeadas por novas pessoas, novas conversas, novas trocas, seguindo o fluxo da vida. Para isso, os performers percorreram a unidade do Sesc Birigui fotografando e conversando com os frequentadores do Sesc.
O trabalho artístico com Neusa Velasco e José Luis Gonçalves trata de forma poética da passagem do tempo, do envelhecer.
Os atores convidam o público a compartilharem suas memórias enquanto uma foto da polaroide é feita.
+
Um casal de idosos transita pela unidade do SESC, vestindo um figurino fragmentado em molduras, carregado de memórias reais dos atores/performers. Cada um deles leva consigo uma câmera instantânea: este será o disparador para o encontro com o público – compartilhar momentos de suas histórias, trocar memórias e compartilhar atos poéticos, finalizando com uma fotografia do(s) participante(s), que podem utilizar emojis, placas com mensagens relativas às redes sociais. Esta fotografia instantânea será anexada pelo próprio público à roupa do performer, compondo mais uma memória, mais uma história a ser contada: a partir deste encontro, os passantes também passarão a fazer parte da história de vida do(a) performer, de suas memórias, assim como também levarão consigo essa lembrança. A foto de cada participante vai compor esse mural de lembranças, antigas ou recém ocorridas, que o performer carregará em seu corpo, num figurino que se constrói durante a ação.
para ver mais fotos e saber mais da ação de O CLUBE:
https://oclube.art.br/2017/11/18/por-vir-novo-trabalho-do-clube-na-inauguracao-do-sesc-birigui/
www.facebook.com/media/set/?set=a.325798231261686.1073741830.123723881469123&type=1&l=db255f81c1
O QUE LEMBRA SUA AVÓ? (CARRANCA COLETIVO)
12 de julho de 2018
Avenida Rio Branco
O Carranca Coletivo foi à rua saber quais memórias recordam as avós. A performance é uma extensão da peça Nabila, em cartaz no Teatro Glauce Rocha, no Rio de Janeiro. Na peça, três gerações de uma família se comunicam através das mulheres, que passam adiante suas histórias, saudades e conflitos. A memória feminina percorre o caminho do lembrar-se e ser lembrada, buscando reconciliar-se consigo mesma.
https://www.facebook.com/carrancacoletivo
Instagram https://www.instagram.com/carrancacoletivo/
O PIGMALIÃO ESCULTURA QUE MEXE promoveu dois Festivais de Bonecos Idosos, levando BIRA E BEDÉ e SEU GERALDO VOZ E VIOLÃO a diversos espaços públicos, promovendo interações.
BIRA E BEDÉ (PIGMALIÃO ESCULTURA QUE MEXE)
INTERVENÇÃO INTERATIVA COM BONECOS:
Bira e Bedé são irmãs gêmeas idênticas no semblante e opostas em personalidade, aparentam estar sempre à espera de algo ou alguém que nunca chega. Já em idade avançada, flanam pela cidade procurando e inventando atividades para preencher o tempo do seu cotidiano tedioso. A interação com quem elas se encontram surge ora como um alívio, ora como reflexo da incapacidade delas de se separarem. Apesar de seus semblantes pouco convidativos e de suas enormes estaturas, elas se esforçam para se integrarem à multidão.
Site do grupo PIGMALIÃO: www.pigmaliao.com/
Direção e concepção plástica: Eduardo Felix
Direção de cena: Igor Godinho
Construção dos bonecos: Eduardo Felix, Evandro Serodio, Taís Scaff, Aurora Majnoni e Liz Schrickte.
Elenco: Aurora Majnoni e Liz Schrickte
Costureira: Maria Guiomar
SEU GERALDO VOZ E VIOLÃO (PIGMALIÃO ESCULTURA QUE MEXE)
Seu Geraldo é um violeiro e cantor de setenta e três anos. É uma figura singular que gosta de falar com a sua platéia sem barreiras, sobre o assunto que a ocasião mandar. Faz seu show ao lado da namorada Dona Catarina, de oitenta e um anos, e Ana, sua irmã. Os três relembram músicas antigas e sempre surpreendem pela escolha deu seu repertório e pelo teor inesperado até de suas conversas mais triviais. Seriam três idosos como outros tantos, não fossem eles marionetes de fios esculpidas em madeira absolutamente conscientes de que são seres humanos normais, com os mesmos direitos e deveres de qualquer cidadão.
Concepção e interpretação: Eduardo Felix.
Construção: Eduardo Felix e Taís Scaff.
Violão e arranjos: Marcos Costa.
Figurinos: Maria do Céu Viana.
Site do grupo PIGMALIÃO: www.pigmaliao.com/
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NAÏFS (DAIANE BAUMGARTNER E JOÃO SOBRAL)
Artistas tramam o cotidiano de uma senhora e de um músico inventor que toca com sua vassoura, construindo um ambiente poético e lúdico. Através da mistura de música, bonecos e dança, entram em cena alegrias e dores, anseios e vazios contidos na memória e nas histórias experimentadas pelos personagens, em um convite à valorização do nosso dia a dia. Com Daiane Baumgartner e João Sobral.
blog: http://naifsespetaculo.blogspot.com/
instagram: @n.a.i.f.s
GERAÇÃO DE IMAGENS (DAVY ALEXANDRISKY)
Oi Futuro - Arte Eletrônica Indígena (residência artística)
Gerações de imagens
Aldeia Dois Irmãos – BA – 4 a 13 de julho de 2018
Davy Alexandrisky – Niterói/RJ: instigado pelas narrativas culturais dos grupos sociais invisibilizados por qualquer tipo de intolerância, vem se dedicando a trocar experiências com esse público, fotografando com o mesmo entusiasmo e emoção do seu primeiro clique profissional há meio século.
Residência: Estimulou o diálogo entre gerações a partir da produção de imagens. Os indígenas jovens fotografaram a vida dos indígenas idosos, enquanto os idosos fizeram o mesmo em relação aos jovens; brincando de “caçar imagens”. Ao final de cada “caçada” projetamos as imagens produzidas e, em roda, todos somos um na conversa.
“Estimular o diálogo transgeracional a partir da produção de imagens”. Essa é a proposta do bom humorado fotógrafo Davy Alexandrisky para os nove dias que irá passar junto ao povo Pataxó do extremo sul da Bahia, mais precisamente na aldeia 2 irmãos.
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CORPOCRIA - ARTE RITUALÍSTICA (MARIANA BARROS)
A artista Mariana Barros realiza em seu projeto um ritual artístico e espiritual de conexão do feminino, a partir de pinturas em corpos das mulheres que participam de sua performance e dos ensaios fotográficos que registram as sessões. Para a performance, Mariana utiliza pigmentos extraídos da natureza para colorir os traços que imprimem nos corpos, suas telas. Mariana realizou o CorpoCria - Arte Ritualística em experiência com senhoras com mais de 60 anos. Ao lado as fotografias do projeto.
"CorpoCria: o empoderamento naturalmente cria força e circula entre as Mulheres, nesse furacão um misto de beleza, gratidão e perdão. Sutis pinceladas acolhem uma a uma, em rezo a arte fortalece os traços ancestrais da criação.
Mulher em seu estado profundo, a entrega em roda espalha confiança. Atentas, iluminadas pela presença Matrística. Curandeiras manifestam seu canto que liberta a magia. Brotam da terra, o infinito é quem traz. Surge dos quatro cantos do mundo, vem de longe, pertence ao agora. Morte, vida e renascimento, mulheres ritualizando a morada da alma. Essa Experiencia já foi compartilhada por muitas de nós.
Mães, filhas e avós. Redemoinho de vozes, o grito foi dado. Nascidas as cores do templo com a força na voz de Gaia. Une fragmentos potentes de nós. Construída por todas. Transmuta a dor, elimina a disputa, dissipa fraquezas. Abre o caminho para o amor voar. Dançamos a Criação com a Arte e a Fé. Curamos a Alma".
Mariana Barros
INSTAGRAM: www.instagram.com/corpocria/
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Abaixo, o pdf. sobre o projeto - clique no ícone abaixo para mais informações sobre o CorpoCria Arte Ritualística
Suely Carvalho - Sana - RJ
Wilma de Freitas - Búzios - RJ
Wilma de Freitas - Búzios - RJ
Denise - Macaé - RJ
PASSEI O SÁBADO COM O MEU AVÔ (MARCELO TOLENTINO)
Experiência do artista em escultura para a Revista Mais60 - Estudos sobre o Envelhecimento - volume 30 - Número 75, dezembro de 2019.
https://www.sescsp.org.br/online/artigo/13991_PASSEI+O+SABADO+COM+MEU+AVO
Quando eu perdi meu avô, no final de 2011, estava morando nos Estados Unidos. Assim que voltei para o Brasil, em uma tentativa de reviver um tempo com ele, decidi fazer, de memória, uma pequena escultura em bronze do seu corpo já fragilizado. Ao receber o convite para colaborar com essa edição da revista, cujo tema principal é turismo, surgiu a ideia de fazer outro retrato escultórico do meu avô, em uma pose que era cotidiana para ele e que, geneticamente ou por hábito, também se tornou confortável para mim, e finalmente viajar para Avaré na sua companhia, ainda que simbólica. Em Avaré, visitei lugares que eram sempre lembrados por ele: a fonte da praça, o coreto, a escola, as igrejas, e a rua em que ele morou. Imagino que se ele estivesse lá comigo, se sentiria um pouco turista na própria cidade – ele sempre se impressionava com as mudanças que aconteceram no Tatuapé, era comum ouvir da sua boca “isso aqui mudou muito”. Tenho certeza que seria um choque para ele ver as modernidades que tomaram o espaço da memória. Uma coisa curiosa foi ver a reação dos moradores da cidade, que ao passarem pela escultura queriam saber quem era a pessoa representada naquela pequena figura de quarenta centímetros. Os que me perguntaram se era uma pessoa importante ouviram que sim, certamente. A escultura de gesso encontrou uma mureta alta na Rua Mato Grosso, onde ele morou, e assim me despedi de Avaré com a sensação de ter diminuído um pouco o débito que tinha com esse cara que deixou tantas saudades.
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Fotografia de Rodrigo Fonseca
IGNOTO, ALTAS HORAS / IGNOTO, MADRUGADA
(BERENICE XAVIER)
Performance: Ignoto, altas horas.
Caminho até a exaustão do cair da tarde até noite alta sobre pedras do Rio Coreau, que banha minha cidade natal, Granja Ce, transportadas para a varanda envidraçada em Fortaleza.
Performance: Ignoto madrugada.
Após ligeir banho, deito molhada na rede, durmo, logo levanto sobressaltada, muda volto à varanda como que convocada para ver em silêncio e calma o Ignoto. Era tudo. Era nada.
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MAPA DE AÇÕES EM PARCERIA COM ALUNOS DA UNIRIO
Ações de alunos de performance (Atuação Cênica VI) realizadas para/com/por pessoas com mais de 60 anos
Ações realizadas por alunos da graduação em Artes Cênicas na UNIRIO – ações para/com/por pessoas com mais de 60 anos – Estágio Docência - por Marcelo Asth:
No estágio-docência que realizei no doutorado - linha de Estudos da Performance do Programa de Pós Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) -, ofereci, nos dois semestres do ano de 2017, o módulo “Arte Socialmente Engajada” a duas turmas da disciplina Atuação Cênica VI (Performance) – ministrada por minha orientadora Profª Drª Tania Alice –, do curso de Atuação Cênica, na faculdade de Artes Cênicas da UNIRIO. As ações foram realizadas em parceria com o Projeto Performanciã.
Para cada turma propus a realização de performances feitas para/com/por pessoas com idade superior a 60 anos, debatendo questões do envelhecimento a partir da ideia de Estética Relacional, do ensaísta Nicolas Bourriaud e do conceito de Arte Socialmente Engajada, sob a ótica do artista Pablo Helguera, sob minha orientação.
Após debatermos sobre envelhecimento, engajamento e a realidade social dos idosos em nosso país, os alunos buscaram colocar em prática os assuntos trabalhados em aula.
O PROJETO PERFORMANCIÃ apresenta aqui onze exercícios que tiveram mais sucesso em suas idealizações, produções e realizações. Nem todos os alunos alcançaram a proposta, mas aqui mapeio boas performances realizadas que se sobressaem com destaque como ações eficientes e poéticas, destinadas à reflexão sobre a velhice e a participação do idoso, com níveis de participação bem elaborados, de impacto visual e propostas conceituais bem aplicadas.
Os alunos proponentes que realizaram estes 11 exercícios são:
Isabella Ferreira
Rafaela De Souza Rosa De Oliveira
Rafael Ferreira
Vanessa Schnee
Bruno França
Diana Vaz Teixeira (aluna de mobilidade internacional – Portugal)
Thaís Paiva
Beto Corrêa
Adriana Dehoul
Alex Vieira
Antonio Karabachian
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Acesse o PDF. abaixo para ver a listagem das ações realizadas pelos alunos do Módulo de Arte Socialmente Engajada na disciplina de Atuação Cênica VI - Performance, na UNIRIO:
AÇÕES COM IDOSOS OU SOBRE O ENVELHECIMENTO QUE PODEM SE ENQUADRAR NO CONCEITO DE INTERVENÇÃO, PERFORMANCE OU DE PERFORMANCES ENGAJADAS SOCIALMENTE, MAS QUE NÃO TRAZEM MUITAS INFORMAÇÕES SOBRE SUAS REALIZAÇÕES, TAMBÉM ESTARÃO PRESENTES NESSE MAPEAMENTO.
EM CONSTRUÇÃO: BUSCANDO MAIS INFORMAÇÕES SOBRE TAIS AÇÕES, COMO TAMBÉM FOTOS, IMAGENS E OUTROS DADOS PARA ESSA INVESTIGAÇÃO.
PROGRAMAÇÃO SESC DO DIA INTERNACIONAL DO IDOSO 2016
https://issuu.com/sescsp/docs/af_2016_dia-idoso
PROGRAMAÇÃO SESC AVÔS E NETOS - JULHO 2016
https://issuu.com/sescsp/docs/00_avosnetos_junho16-issu_baixa
PROGRAMAÇÃO SESC AVÔS E NETOS - JANEIRO 2017
https://issuu.com/sescsp/docs/af_avosnetos-2017-issu